O advogado do ex-deputado Roberto Jefferson (foto),
Luiz Francisco Barbosa, pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a
inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu no processo
do mensalão. O requerimento será apresentado na sessão de
segunda-feira, data da defesa do petebista em plenário. Ele pedirá a
suspensão do julgamento para a realização de novas diligências que
investiguem Lula ou, como alternativa, o destacamento de um novo
processo, em que o petista seria acusado separadamente. "O procurador-geral da República sugeriu que o presidente, que tem até
título de doutor honoris causa, fosse um pateta. Mas ele tinha domínio
de tudo", disse o representante de Jefferson ao site de VEJA.
Há poucas chances de o pedido prosperar, mas a solicitação de Barbosa
pode retomar a discussão sobre a responsabilidade de Lula em um momento
em que os holofotes estão voltados para o Supremo Tribunal Federal.
O advogado de Jefferson alegará que os três ex-ministros citados no
processo, Anderson Adauto, Luiz Gushiken e José Dirceu, não tinham poder
para enviar ao Congresso projetos de lei - segundo a denúncia do
Ministério Público, o governo comprou o apoio de parlamentares para
facilitar a aprovação de propostas no Congresso. Por isso, Lula era o
maior interessado no funcionamento do esquema. E, mesmo depois de ter
sido avisado por Roberto Jefferson sobre a existência do mensalão, o
então presidente não teria tomado providência.
Barbosa cita ainda outro episódio que envolveria o petista: Lula
assinou a lei que alterava as regras para a operação de crédito
consignado a aposentados: o BMG, até então fora do mercado, passou a
participar do negócio. O governo ainda deu um auxílio extra ao enviar
cartas a mais de 10 milhões de aposentados, convidando-os a emprestar
dinheiro. "Em um ano, o BMG fez cinco vezes mais negócios do que a
Caixa, que tinha um número de agências muito maior", alega o advogado.
Só depois, afirma o defensor de Roberto Jefferson, é que a instituição
bancária passou a abastecer o esquema do valerioduto, onde despejou
cerca de 30 milhões de reais. Com o ato de ofício de Lula - a lei que
favoreceu o BMG - ficaria reforçada a participação do petista no
episódio.
Em ocasiões anteriores, Luiz Francisco Barbosa questionou o Supremo
Tribunal Federal a respeito da ausência de Lula no processo. Em todas as
vezes, a Corte se recusou a discutir o caso. Esta será a primeira vez
em que a inclusão do petista como réu será solicitada diretamente. "O
presidente terá de submeter o tema ao plenário", diz o advogado.
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